Graça Machel, uma lição de vida sobre fome e desnutrição crónica

Graça Machel

No dia dia mundial da alimentação,16 de Outubro de 2020, a Universidade Pedagógica de Maputo organizou uma palestra com o tema: A Fome e Desnutrição na Agenda Comunitária e do Estado: Possibilidades e Condições, proferida pela activista social e mentora da criação do Instituto Superior Pedagógico, mais tarde Universidade Pedagógica, presente em todo o País e, agora, Universidade Pedagógica de Maputo (UPMaputo).
Graça Machel destacou a missão da UPMaputo no processo de formação de diferentes profissionais ao longo dos 35 anos que se completam no próximo dia 4 de Dezembro. Não obstante, mostrou-se desagradada pela divisão da UP,  pois, segundo disse, a Universidade Pedagógica, constituía uma âncora de toda a sociedade na partilha de valores sociais susceptíveis de combater a pobreza, fome, insegurança alimentar e desnutrição crónica que se observa actualmente em todo Moçambique.
Para minorar o problema de alimentação no país, a activista social propõe que se sejam resolvidos problemas estruturais através de uma educação comunitária que mostre a relevância da agricultura familiar, como criação de canteiros nas residências para que as comunidades consigam se abastecer internamente e, consequentemente, ter uma diversidade de alimentação saudável. Segundo Mamã Graça, o problema de desnutrição crónica em Moçambique está relacionado com a privação de alimentação, onde a maioria da população moçambicana não tem acesso a uma alimentação diária condigna.  Na visão da activista social, o problema de desnutrição córnica nos moçambicanos não é apenas material, ela é multidimensional, pois amputa a capacidade de raciocínio lógico, coerente e pontual das crianças que crescem num ambiente de falta de alimentação nutritiva.
A palestrante referiu que Moçambique é um país em que  metade das crianças vive na situação de extrema pobreza e dificilmente conseguirão desenvolver na plenitude as suas capacidades mentais que intervenham tecnicamente para resolução de problemas crónicos de fome.
foi, sem dúvidas uma Lição de como intervir para eliminar a desnutrição crónica,  através da produção alimentar, insentivando e criando condições para que os sofrem de fome produzam os alimentos de que necessitam para matar a sua propria fome. As soluções não podem vir de cima, tem de vir de baixo, disse Graça Machel, numa referência crítica ao programas centrais. Não temos uma planificação que tenha em conta onde estão as pessoas que precisam de assistência alimentar. Não sairemos da desnutrição crônica enquanto não tivermos estes sensos. Os cerca de 8 milhões dos membros dos agregados moçambicanos devem produzir comida para eles próprios. Os agronegócios não resolvem o problema da insegurança alimentar por si. É necessário resolver a desnutrição crônica com soluções internas no seio familiar. Planificar como deve ser. Foi sem dúvida,  uma grande lição dada por uma mulher que do alto dos seus 75 anos de vida, sabe o que diz.
Por vez, Jorge Ferrão, Reitor da UPMaputo, numa intervenção de circunstância, disse que a Universidade Pedagógica de Maputo associou-se a comemoração do dia mundial da alimentação porque a nossa universidade se identifica muito com a causa da alimentação. A Faculdade de Engenharias e Tecnologia intervém no combate a desnutrição crónica através da formação de técnicos qualificados para responder aos desafios do mercado. Jorge Ferrão,  apriveitou o ensejo para felicitar Graça Machel pela sua recente nomeação para membro honorífico da Academia Africana de Ciências, um prestigiado e honroso título, que muito nos dignifica como moçambicanos.

Texto; Elisio Manjate. Fotos; Cebola

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